É comum lermos entrevistas com pilotos.
São heróis e sem eles o circo da Fórmula 1 não teria charme. Nós os admiramos por ultrapassagens dificílimas em velocidades assustadoras.
Do lado esportivo lemos muito, mas raramente lemos algo sobre administração da Fórmula 1 bem como dos milhões que a atividade gera.
São dezenove Grand Prix por ano... que aos poucos estão se mudando para o leste, Ásia se quiserem.
Qual é a graça da Fórmula 1 no leste? Quantos lá conhecem o assunto?
Ao mesmo tempo é um assunto que os especialistas discutem, ponderam e repetem.
Nas provas asiáticas temos nos boxes as mesmas pessoas de sempre, mas Padoc e arquibancadas vazias. Portanto, repasso a vocês parte de uma entrevista com Frank Willians que nunca fez outra coisa a não ser pilotar, organizar e dirigir a si próprio e ao seu "team".
Conheci Frank Willians na década de 70 com os "Metralhas"( apelido carinhoso aos dois irmãos Fittipaldi).
Já tinha um " team" na Fórmula 2 e no ano seguinte passou para a F1 com muito sucesso graças ao patrocínio dos Emirados ou dos Malaios ( Petronas) , não lembro , mas o sponsor no caso é secundário.
Era um bom praça, e um dos poucos do circo que falava italiano, o que na época nos aproximou.
Hoje mesmo em uma cadeira de rodas, vítima de acidente em uma auto-estrada ainda comanda o Willian´s team.
Esta entrevista foi publicada no Estadão por ser muito elucidativa, em termos de meandros, cifrões, potencia e talento. Publico uma parte, já com agradecimentos ao Estado de São Paulo.
Veja o que ele diz:
1-O que é realista esperar da Williams este ano?
Não há milagres na Fórmula 1. Nosso orçamento é pequeno quando comparado aos quatro times que vão lutar pelo título (McLaren, Ferrari, Red Bull e Mercedes). Nossa meta é ser a primeira equipe fora dessas quatro, portanto terminar o Mundial de Construtores na quinta colocação.
É simples. Tenho hoje menos dinheiro não faço um carro vencedor, não atraio os melhores pilotos.
Tenho hoje menos dinheiro e com menos dinheiro conquisto menos resultados. Com menos resultados consigo menos dinheiro.
É um ciclo. A perda da BMW em 2005 foi um duro golpe. Hoje pago pelos motores e não são os melhores da Fórmula 1.
2-Estar associado a uma montadora é essencial para fazer sucesso na Fórmula 1?
As coisas estão mudando, há menos montadoras na Fórmula 1 mas um time com potencial para ser campeão é privado, a Red Bull é privado, mas tem um orçamento enorme.
3-A sua energia na liderança Willians é visível, mas não pensa em parar?
Uma hora vai acontecer. Estou aqui porque amo o que faço. Bernie Ecclestone vai completar 80 anos e não parece da mesma forma perto do fim.
E quando ele deixar a competição, a Fórmula 1, bem como a Williams, não vão acabar. Tenho profissionais que já cuidam, hoje, da sequencia de nossa história.
4-Como o senhor imagina a sequencia do campeonato e o que acontecerá com o alemão Schumacher?
Vettel para mim é excepcional. Se tivesse dinheiro e um carro vencedor é o piloto que gostaria de contratar. Tem grande possibilidade de ser campeão. Alonso é um matador, como Mansell. Tenho grande admiração por ele. Felipe Massa é o piloto mais fácil de ser subestimado. O que é um erro.
Schumacher já entendeu que terá de usar sua experiência como forma de compensar aquele milésimo de segundo que provavelmente já não tem mais, o que é natural. E ele é capaz disso.
Abraços a todos
Flavio Del Mese
quinta-feira, 15 de abril de 2010
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Um comentário:
Legal Flávio! Continue a enviar estes textos interesantíssimos para nossas leituras.
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