Este blog destina-se ao contato entre pilotos da "velha guarda", preparadores e simpatizantes, à publicação do Jurassic News e para troca de comentários e emissão de opiniões pessoais.



















segunda-feira, 13 de junho de 2011

Análise Sintética da Segunda Metade das 24 Hrs de Le Mans

Meus amigos e confrades !



          Confesso que tenho uma paixão incontida pelas viaturas que disputam as 24 Horas de Mans e a própria corrida.
          Não hesitei em acompanhar toda a prova, com vistas no Canal Speed, e principalmente acompanhando pelos sites franceses e italianos de leitura imediata, outros sites que forneciam planilha completa volta a volta, bem como imagens contínuas do circuito ou focadas de dentro das viaturas.
          Confesso que ao fazer o comentário das primeiras 12 horas de corrida, já publicado no nosso blog, tudo fazia crer que a Peugeot tinha se guardado para uma tocada forte nas últimas horas de corrida, pois ficaram nos mesmos tempos dos R-18 no Grid, não forçaram ultrapassagens nas primeiras horas, ao contrário do afobado Mac Nich que em uma hora de corrida já havia destruído seu carro, faziam menos paradas que as Audi, andavam com os três 908 sempre na mesma volta do R-18 restante e este por sua vez não conseguia abrir das viaturas dos " Les Bleu" gauleses, e finalmente, o Dr. Ulrich havia perdido duas R-18 em acidentes na 1ª e na 9ª hora de corrida, restando apenas uma viatura, que terminou por vencer a prova, para pelear contra três do adversário e mais uma nas mãos da Oreca Matmut como reserva técnica.
          Isto posto, o que poderia se esperar? Que a hora de atacar havia sido antecipada dada a superioridade numérica na pista, onde a Casa Gaulesa comandada por Olivier Quesnel, poderia mandar pelo menos uma viatura das três para o ataque e esperar a reação da Audi: se aceitassem a peleia certamente levaria ao desgaste ou a retirada de ambos, sobrando a vitória para uma segunda Peugeot; e se não aceitassem, seria então o sinal de enviar as outras duas para cima do R-18, e esperar o momento da chegada para comemorar.
          Mas nada disto aconteceu, porque no momento que as coisas ficaram difíceis para a Casa das Argolas, o ardiloso e competente Dr. Ulrich deve ter chamado toda sua equipe e dito " Agora, é tudo ou nada"; partiram para levar a equipe alemã a mudança radical de tática, ou seja, " baixa o sarrafo na única R-18 que restou e quem puder mais, chorará menos"; e não é que deu certo!!! Evidente que sabiam que tinham reservas para tanto e a tão sabida confiabilidade nas viaturas alemãs quando exigidas próxima dos limites.
          Tinha razão o Mestre de Balcarce, Juan Manoel Fangio : " Carreras son carreras".
          Os pilotos Lotterer - Fassler e principalmente o francês Benoit Treluyer que chegou a pilotar no amanhecer 3 horas e vinte minutos ininterruptos; foram tomados de uma excepcional força, um verdadeiro pacto com seus Anjos da Guarda, pois não cometeram uma única falha de pilotagem em mais de 12 horas, passaram a girar entre tempos fantásticos de 3'28" a 3'30" ( a pole foi 3'25" ) sem cometerem erros e vejam que "aliviar" a pole em tão somente 4 ou 5 segundos em 13 Klm. é ainda assim andar rápido.
          Se teriam de ser caçados, que fossem, mas os caçadores teriam também que gastarem suas reservas.
          O " Komandant Ulrich" havia posto em prática a tática usada para vencer em 2008 com Kristensen de mante-lo ao volante por mais de duas paradas, mantendo assim o ritmo forte, impedindo as Peugeot's de se chegarem no final da prova.
          E com estas medidas e atitudes heróicas de seus pilotos, a Audi abriu as verdades nas entranhas da Peugeot, passando até sem avaliar, uma série de problemas para eles. Como?
          De inicio pareceu que Quesnel havia " dormido no ponto " e não havia autorizado o ataque, mas tal não aconteceu, pois quando a Audi mudou de tática e "mandou ver" requerendo mais velocidade, maior consumo e arriscando menos trocas de pneus, os 908 FAP não tinham as mesmas reservas que a Audi: seus ótimos pilotos para acompanharem os alucinantes tempos de corrida do nº 2 da Audi, passaram a cometerem erros de pilotagem tendo Wurst dado nas latas, Sarrazin foi punido com um minuto, além de consumirem mais pneus e combustível, igualando-se em paradas e por consequência perdendo a vantagem das primeiras doze horas.
          As 908 não eram tão boas assim como estava se julgando; para piorar, quando chegaram as chuvas lá pelas 19 horas de corrida quase dão adeus a corrida porque mal e mal conseguiam não deixar as Audi dispararem.
          Via-se agora que nas tomadas da formação do Grid, quando se julgava que a Peugeot havia maneirado para não mostrar o que tinham, não era blefe; era só aquilo que tinham para dar.
          As vitórias em Sebring e Hockenhein sobre as Audi, haviam criado um clima de superioridade que não se confirmou ou o Dr. Ulrich depois destas duas surras voltou para Ingolstadt e fez a equipe de melhorar o desempenho.
          Justiça seja feita a um personagem: o carismático " Doctor Ulrich " : como uma raposa, muda de tática ao se ver premido pelos perseguidores; arrisca mudanças e não tem medo de faze-las; acredita nos pilotos que tem em mão e faz deles verdadeiros heróis dando a eles a oportunidade de serem o que todo piloto deseja : ser um piloto mesmo em toda a força da palavra.
          Assim a corrida foi indo para o seu fim com tudo dando certo para a Audi e com alguns problemas com as Peugeot que conseguiram apenas deixar a viatura nº 9 com Pagenaud na mesma volta, ficando as demais a 2 e 4 voltas do vencedor, e uma 4ª viatura 908 nas mãos da Oreca-Matmut a 10 voltas atrás.
          Faltando menos de 40 minutos para o término das 24 Horas. houve apenas um momento de tensão nos Boxes da Audi, quando Dr. Ulrich ordenou a entrada de Lotterer que pilotava o Audi nº 2, para troca de pneus que estavam por demais desgastados e não agüentariam rodar até o final: houve a troca, Lotterer foi mantido ao volante e conseguiu sair na frente do nº 9 de Pagenaud uns 15 segundos, diferença esta que se manteve até o final.
          Vitória maiúscula da Casa alemã das quatro argolas com apenas uma viatura a partir da terça parte da corrida.
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          Para concluir é preciso registrar a paixão e o fascínio que Le Mans exerce: Le Mans a cada ano se renova e repete ser a corrida mais bela do mundo.
          Uma pista que a cada ano revela pilotos que se tornam heróis como Treluyer pela Audi e Pagenaud pela Peugeot.
          Lágrimas do vitorioso Ulrich e lágrimas de Olivier Quesnel por ter mais uma vez sido derrotado.
          As viaturas para gerarem emoções não necessitam de Kers, asa móvel ou troca-troca de pneus, pois já são emoção pura. Le Mans é a pura essência do puro automobilismo de competição.
          Uma ótima semana a todos.
         Roberto Giordani.

domingo, 12 de junho de 2011

Volante do Audi R18 TDI - Le Mans

Matéria cedida pelo companheiro EURICO ESTIMA:
 
AUDI R18 TDI

Ao contrário de seus abtecedores, R8, R10 TDI e R15 TDI, o novo Audi R18 TDI a posição do piloto é do lado direito. O motivo: em um conceito de melhoria geral, um carro de corrida pilotado do lado direito possibilita uma posição mais ergonômica e menos distorcida para o condutor (a maioria das curvas ao longo de todo o circuito de Le Mans é feita para a direita. Além disso, é mais fácil fazer a mudança de piloto pelo lado direito). Enquanto era necessário proteger da chuva os comandos eletrônicos dos modelos anteriores, os engenheiros conseguiram organizar tudo ergonomicamente no cockpit fechado para melhor atender os pilotos. As funções mais importantes estão localizadas no volante desenvolvido para a prova longa...
01 - O botão de partida está localizado direto no volante.
02 - Há quatro comandos atrás do volante: os dois superiores são para o farol alto e para o limitador de velocidade do pit lane, os dois inferiores para mudança de marcha.
03 - O display central mostra as informações mais importantes.
04 - Os botões para o ajuste detalhado de equilíbrio de freio e do controle de tração (ASR) são usados com frequência.
05 - O piloto pode ajustar as características do motor meio de diversas chaves rotativas.
06 - Radio=sugnifica contato com os boxes; Drink=bebida energética ou hidratante.
07 - Importante para um LMPI fechado: limpador de parabrisas.
08 - Limpador dos vidros laterais.
09 - Temporizador para o parabrisa.
10 - Extintor de incêndio...
 
 

Análise Sintética das 24 Horas de Le Mans

Caros amigos!


          Com a redução da cilindrada dos motores diesel da P1 que agora tem 3,7 litros com turbo liberado em valores mais altos que os anteriores motores de 6 litros, os tempos para a volta no circuito de 13 quilômetros subiram em mais de 7 segundos, entre a pole de 2010 com 3'18" e a de 2011 com 3"25".
 




          As Audi R18, agora totalmente carenados e muito bonitos, surpreenderam as Peugeot na formação do Grid fazendo a pole com o nº 2 pilotado por dois novatos, Lotterer e Treluyer, capitaneados por Fassler que vem da DTM; fizeram também o 2º tempo, restando para o Peugeot nº 9 as horas da casa do Leão com o 3º tempo.
          Aparentemente, uma surpresa, mas na verdade a equipe francesa estava iniciando ali uma nova tática de corrida, fazendo crer que eram mais fracos em 2011 do que em 2010 quando deram uma banho de velocidade nos Audi , mas terminaram com os quatro 918 FAP que estavam na pista, quebrados por defeito no cilindro nº 8( todos eles).
          Mas a verdade é que os 3 Audi's R-18 e os 3 Peugeot's 908 FAP ficaram dentro de 600 milésimos do 1º ao 6º tempo, revelando claramente que não havia superioridade marcante das Audi.
          A quarta 918 FAP TDi que está cedida a equipe Oreca-Matmut, ficou com o sétimo tempo, porém a 4 segundos do Pole, mostrando claramente que fará corrida para chegar.
          Claramente as Peugeot's foram a pista com viaturas mais econômicas o que lhes reduziu um pouco a velocidade final nas grandes retas, possibilitando assim economia de combustível e por consequência menos paradas e menor consumo de pneus: estava assim a Peugeot devolvendo " o remédio amargo" ao Dr. Ullrich da Audi, que havia aplicado nos franceses em 2010, quando sabidamente tinhas as Audi inferior rendimento que as Peugeots e terminaram por fazer 1-2-3 ao final de 2010 e todas Peugeot's quebradas, que haviam confiado na durabilidade que não se confirmou.
          Dada a largada, o que se viu foi a manutenção do Grid, com os 3 Audi's e as 3 Peugeot's abrindo um boqueirão na frente. Notava-se claramente que as viaturas francesas tinham assumido o papel de caçadores: os "caçados" da Audi mantinham um bom ritmo, entretanto a custa de ultrapassagens perigosas sobre a turma GTE-Am que cedo já começaram a levarem volta dos ponteiros.
          Allan Mac Nich, piloto rápido e muito experiente, que já venceu por quatro vezes as 24 de Mans sempre a bordo das Audi, era entretanto o mais afobado de todos, tanto que com apenas 1 hora de corrida, protagonizou um espetacular e perigoso acidente, quando precipitadamente em curva de alta ultrapassa numa verdadeira "enfiada" seu companheiro de equipe Fassler, que aguardava o final da curva para ultrapassar uma Ferrari da GTE e mais um pouco a frente dois Porsches, e acerta violentamente a Ferrari, e se escapasse da Ferrari, "encheria a traseira" do Porsche: a consequência foi a saída de pista de Mac Nich e uma espetacular cacetada nas latas, quase voando por cima delas e se acontecesse seria uma tragédia, pois aterrissaria sobre fotógrafos e auxiliares.
          O Audi nº 3 foi se desmanchando e capotando por cima dos pneus de proteção e das latas, até parar completamente destruído: sorte e graças a resistência das estruturas, o piloto sai do acidente, meio tonto, meio dolorido( amanhã estará todo roxo e dolorido), mancando, mas vivo.
          Herr Commandant Ulrich perdia a terça parte de sua " Panzer Divisionen" que havia levado a "blitzkrieg" de Mans.
          Depois da entrada do Safety Car que deu muitas voltas a frente dos participantes até que retirassem o Audi e concertassem as latas, é reiniciada a corrida sempre com duas característica: os R-18 e os 908 Fap andando sempre na mesma volta, e quando muito quando acontecia o atraso de uma volta para algum, logo a seguir recuperava com a parada do ponteiro, e a alternância no primeiro posto entre as marcas.
          Assim segue a corrida, até que na 9ª hora de prova a Audi é novamente abalada com outra cacetada, desta vez tendo como protagonista o Audi nº 1 do germânico Mike Rochenfeller, que após atropelar outra Ferrari, sai da pista rodando e se estatela violentamente nas latas, causando alguns ferimentos no piloto e causando quase uma hora de Safety Car para consertos e atendimentos.
          Perdia o Dr. Ulrich mais uma terça parte da sua força.
          Com este fato sobra somente uma Audi que duela valentemente com as Peugeot pela ponta.
          Ao final das 12 primeiras horas a viatura nº 2 da Audi, tendo Fassler como líder, emplaca a primeira posição, mas com as três 908 Fap nas suas pegadas, na mesma volta.
          Fica evidenciado entretanto, que a única Audi virou "caça" e que deve se avizinhar a " hora do ataque" da Casa francesa que tem 3 viaturas para arriscar uma tocada forte.
          Fato estranho é que novamente o trio mais rápido das 908 Fap, formado por Minassian-Sarrazin( este um baita bota) e Montagny, novamente este ano tiveram problemas elétricos e se atrasaram aos demais, ocasionando por vezes nas planilhas aparecerem com uma volta a menos por pouco tempo.
          Outro fato notável é que a Audi restante fez nestas 12 horas iniciais, 02 paradas a mais dos que todos as Peugeot's, e por consequência tem que atropelar o passo para recuperar os tempos a mais perdidos em mais duas paradas que a concorrência, desgastando visivelmente o fôlego da viatura e gastando mais pneus.
          Entretanto, como dia o Mestre de Balcace, JUan Manoel Fangio, que "carreras son carreras" não se surpreendam se o único Audi sobrevivente da " Panzer Divisionen" chegar ao fim "entreverado" com os Peugeot's.
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          A Nissan, desta vez na P2, volta a competir poderosamente depois de 20 anos quando venceu a P1 em 1993: desta feita com duas versões de motorização diferentes, que se revezam na ponta da categoria.
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          Este ano foi criada a categoria GTE-Pro que engloba as antigas GT1 e GT2 onde reune marcas poderosas como a novíssima Ferrari 458 Itália, as Corvettes C06Z, os Porsches 911 RSR que na verdade são os avançados 997 e novamente as esperadas BMW M3 GT, que novamente estão decepcionando, pois esperava-se melhor desempenho.
          A Corvette de Olivier Gavin colocou a mão da ponta, sacou uma volta da Ferrari de Fisichella com a 458 Italia que tem o apoio oficial da Casa de Modena, e controla a corrida; em terceiro outra Corvette, seguida de duas Porsches e a primeira BMW com o brasileiro Farfus de líder da equipe vem tres voltas atrás do líder da categoria em 6º lugar: se a BMW está esperando atacar as Corvettes no final da corrida, tem que começar agora, pois Corvettes são osso duro de roer e a vantagem de uma motorzão com potência reduzida para se enquadrar na GTE, mas ainda assim motorzão.
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          Por fim também criada uma categoria GTE-Am que aproveita as sobras como a Ferraris F 430 que cederam lugar para as 458 e outras espécimes como a sobra de Corvette e de Porsches. Nesta categoria, que desconfio que seja para atraírem equipes e pilotos norte americanos, ao meu ver é um desastre , tendo em vista a tremenda diferença de velocidade, o que aliás foi a causa dos dois acidentes com os Audi r-18 que literalmente atropelaram as Ferraris F 430 desta GTE-Am.
        O ponteiro desta categoria, um Porsche 997 de uma ótima equipe que Flying Lizard está atrasada 27 voltas em relação ao ponteiro da P1 após estas primeiras 12 horas.
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          É isto aí, caros amigos; voltaremos ao final das 24 horas.
          Roberto Giordani.