AMARGA VITÓRIA

              Antes de começarmos os comentários sobre Hockenheim 2010, vamos conhecer o circuito, a bordo do simulador da Red Bull, com Webber no cockpit.




                  Desde sexta feira, quando a Ferrari começou a mostrar nos treinos que havia voltado a ser competitiva, tivemos desejo de fazer títulos entusiasmados como: “ Aleluia, aleluia.....a Ferrari (Viva L’Italia) está de volta” ou “Il ritorno triunfante de La Macchina Rossa” ou ainda: “Cavalino Rampante ritorna forte”, pois sentiamos que o vigor da Casa de Maranello frente aos seus concorrentes havia mostrado que não era por acaso o sucesso dos tempos obtidos por Massa e Alonso.

               Entretanto a cautela dizia para moderar nossos sentimentos; o “porquê”  realmente não sabiamos definir, se azar no Qualify, má largada ou algum incidente de corrida que pudesse deslustrar uma bela atuação ou sabemos lá o quê! Nem de longe, lembramos desta “maledetta” prática repugnante que a Ferrari inventou há oito anos e cultua até hoje de forçar a entrega do posto melhor posicionado a quem está atrás, tudo a título de “fica bem para a equipe”.

               Se fosse falar pelos nossos sentimentos de ex-pilotos e amantes das competições automobilísticas, esquecendo até mesmo de levar em conta que o Felipe e nós somos brasileiros, teriamos vontade de escrever aqui uma montanha de desaforos ao Dominicalli, ao “capo” Lucca e a toda equipe da Ferrari, por esta prática nauseabunda, arrogante e destruidora do moral do piloto que é entregar sua posição, depois de haver legitimamente conquistado na pista.

               Entretanto, todos sabem que a Fórmula 1 não é mais “corrida de automóvel” onde o valor, o arrojo e o talento é que valem; onde Gênios da pilotagem (impossível enumerar um a um) faziam a diferença, davam espetáculo e traziam alegria a aficcionados e orgulho ao seu povo, como foram Caracciola, Roshenhein ou Von Stuck para Alemanha; Jack Brabham e Hulme para Austrália e Nova Zelândia; Lauda e Rindt para a Áustria; Moss, Hill, Clark e Steward para a Inglaterra; os italianos Farina e Ascari ; Fangio e Gonzales para Argentina ou os brasileiros Landi, Emerson, Moco, Piquet e Senna, e no mínimo mais duas dezenas de fantásticos pilotos que deram espetáculos sensacionais em disputas e ultrapassagens ferrenhas, que são a alma da corrida de automóvel.

               Porque não citamos Schumacher, Prost, Raikonen, Hamilton, Hakkinen, Alonso, todos campeões mundiais, grandes pilotos e estrelas do automobilismo recente? Simplesmente, porque são frutos desta Fórmula 1 monetarista, interesseira, dirigida e insípida que se tornou; para nós, infelizmente, não é mais a paixão que movem corrida de automóvel.............virou negócio de bilhões, tentando fazer crer que há um espetáculo, rivalidade, competição, que sinceramente, muitos de nós já não consegue ver.

               Está igual ao que temiamos: igualzinha ao futebol......um bando de gente ganhando fortunas, pilotos robotizados fazendo de tudo para entrarem neste circo e um poderoso marketing querendo fazer crer que tudo é limpo e glorioso, enganando os sentimentos dos povos.

               Perdoem nossos conceitos a respeito do que a Fórmula 1 se tornou; valem mais a “equipe”, patrocinador, redes de TV, piloto submisso, espetáculo dirigido, critérios financeiros e “outros diabos a quatro” do que pilotos mesmo, dando espetáculo normal, talento, ...etc...etc...

               Na transmissão da Globo (não sei porque ainda escutamos) ouvimos mais um disparate de um antigo membro daquela equipe de TV: disse ”que a concentração era 99% do êxito de uma pilotagem e somente 1%, talento” ...........que tremenda asneira!!!

               Voltando à Hockenheim: após a formação do grid onde apenas 2 milésimos de segundo (isto é um piscar de olhos) separavam os dois ponteiros, com a Ferrari fazendo também o 3º posto, a frente do obstinado Webber e das McLaren, perdendo escassamente a pole para a sensação do momento, Vettel.

               Estava na cara que Vettel, embora na pole, teria o ataque das Ferraris no dois contra um, forçando a defender a posição na largada; foi isto que o “Mimoso” do povo alemão fez exatamente, escolhendo dar uma legal “fechada” naquele que estava logo atrás e que tinha carro no mínimo igual ao dele: o Alonso.

               Além de abrir uma avenida para o Felipe (não havia como fazer diferente) não contou com uma largada quase perfeita do brasileiro, que se mandou para a ponta, feliz da vida, pois estava novamente respirando a vida de um competidor, depois de azares, como também inclusive, das incompetências de sua própria equipe Ferrari e o de um ano atrás ter tomad um parafus no capacete, no GP Turquia 2009.

               A corrida em si nem precisaria de maiores comentários, pois seria a mesma insípida corrida como tantas outras, até que veio a tal ordem para deixar Alonso assumir a primeira posição, nas palavras pausadas e enfáticas de seu Engenheiro Rob Smedley = "Ok...Pois bem... Fernando está mais rápido que você. Você pode confirmar que entendeu a mensagem?". Não foi transmitido pela TV  a resposta de Felipe. Logo depois da ultrapassagem,  novamente Rob Smedley lhe confidencia: "Bom rapaz... Temos que ficar assim agora... Desculpe" .
               Não sem antes de o Asturiano chamar de “ridícula” a defesa que o Felipe fez da primeira posição.
               Quem afirma que o Felipe, com as dificuldades de ultrapassagem que existem hoje, não poderia ir até o final da corrida e não se deixar ultrapassar?

               O que era o semblante do Felipe no pódio e na coletiva??? Refletia toda sua contrariedade e inconformidade, com uma equipe acha normal ter jogado fora o campeonato dele.

               E a hipocrisia das comemorações do Alonso? Será que ele não se flagra do ridículo que está sempre exigindo nas equipes que pilota?

               Sabemos claramente que o Alonso tem sido e era naquele momento mais rápido que o Felipe e que a “equipe Ferrari” e seus resultados estão acima de tudo, pois já vimos este filme com Schumacher e Rubens; sabemos também que o “status” da Fórmula 1 é este de grana e interesses, mas agora já passou dos limites.

              ENTRETANTO, nada disto impede de levantar nossa voz contra tudo isto; somos a favor da ética, contra órgãos reguladores da FIA, da FOCA ou de outra sigla inútil destas, que multam pecuniariamente e pouco (100 mil dólares) a Ferrari pelo fato proibido, pois sentimos ano a ano que estão acabando com a nossa paixão, o nosso esporte preferido e de milhões de seres humanos.
                Mas não esperem que a FIA multe mais a Ferrari, pois se bem lembram, no ido ano de 2002, a mesma Ferrari foi multada em US$ 1 milhão, no episódio Rubens / Schumacher na Austria. Querem saber porque não acontecerá mais nada a respeito disto?  O atual presidente da FIA, Jean Todt, curiosamente, era o chefe da escuderia italiana na época.

               Os Fiscais da FIA deveriam punir Alonso e Massa com sumária desclassificação por terem aceitado o que é proibido e à Ferrari com a perda destes pontos conseguidos em Hockenheim e ficar fora da próxima corrida, para “verem o que é bom para a tosse”!

               Corrida de automóvel se resolve na pista e ponto final.

               Até o próximo GP de F1... teremos que tomar muito "Alka-Seltzer", para apaziguar o azedume que ficamos depois de ver mais uma vez as velhacarias se fazerem presentes nos nossos televisores.

               Tenham todos, uma ótima semana.

          AQUI O VIDEO E AUDIO EVIDENCIANDO A MENSAGEM SUB-LIMINAR EXISTENTE NA FALA DE ROB SMEDLEY PARA FELIPE



          AQUI O VIDEO E AUDIO QUANDO O ASTURIANO RECLAMA DE FELIPE: (desculpem, a poderosa e envergonhada FIA retirou o video do ar)



          AQUI, ALÉM DOS RÁDIOS DA EQUIPE, O VIDEO E AUDIO QUE MOSTRAM O MOMENTO DA ULTRAPASSAGEM, ONDE NUMA SAÍDA DE CURVA FEITA EM PRIMEIRA MARCHA, FELIPE SÓ USA 50% DO ACELERADOR (trottle), DEIXANDO EVIDENTE QUE DEIXARIA ALONSO PASSAR.